A Aldeia Multiétnica Filhos da Terra: Um Oásis Indígena de Resistência e Cultura em Guarulhos
A história de Guarulhos está profundamente ligada aos povos indígenas. O próprio nome da cidade deriva dos “Guarus” ou “Guarulhos”, como eram chamados os povos que habitavam a região. No entanto, poucos conhecem essa rica origem e a presença vibrante dos povos indígenas que ainda vivem na cidade.

Dentro da Aldeia Multiétnica Filhos da Terra, no bairro do Cabuçu, em Guarulhos, vivem representantes de diversas etnias, como Pankararé, Pankararu, Wassu Cocal, Kaimbé, Guarani, , Guajajara, Xavante, Pataxó, Tupinambá, Xucuru, Terena, Kariri Xocó e Truká. Embora os Guarani sejam os únicos povos originários da região, os demais migraram para Guarulhos em busca de sobrevivência e da manutenção de suas culturas ancestrais. A Associação Indígena Arte Nativa estima que a população indígena na região de Guarulhos seja de aproximadamente 1.700 pessoas.
Vida e Luta na Aldeia
A Aldeia Multiétnica Filhos da Terra é um centro de produção cultural e sustentabilidade. Ali se desenvolvem:
- Artesanato e Artes Culturais: Expressões diversas de todos os povos.
- Cultivo: Plantas, ervas e alimentos cultivados de forma tradicional.
- Eventos: Atividades educativas, culturais e religiosas que celebram a riqueza da cultura ancestral.
A principal luta desses povos é pela demarcação de suas terras e pelo direito de se estruturar adequadamente, com a construção de casas, espaços para rituais, escolas e áreas de plantio. Apesar das frequentes reclamações às autoridades locais sobre a falta de apoio, a comunidade segue firme em seu propósito.
O objetivo maior da aldeia é levar ao conhecimento de toda a população a sua existência e cultura. Através da informação, buscam combater preconceitos enraizados no desconhecimento, promovendo a valorização e o respeito aos povos indígenas e à história de Guarulhos, em outubro de 2025 a aldeia completará 8 anos de existência e muita luta em prol dos povos nativos da terra. Muitos eventos são realizados e visitas podem ser agendadas. No endereço da Av. Benjamin Harris Hunnicutt, 4112. Portal dos gramados Guarulhos. No final do texto deixaremos o instagram para contato.
Breve informações sobre os povos da aldeia :
Guarani : Os Guarani: Uma Nação Resistente e Diversa
Os Guarani, uma das etnias mais numerosas do Brasil, foram um dos primeiros povos a estabelecer contato com os colonizadores europeus. Atualmente, cerca de 51 mil indivíduos Guarani vivem em sete estados brasileiros (São paulo, Paraná, Santa Catarin. Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro), mantendo uma cultura rica e multifacetada que varia significativamente entre seus subgrupos.
A Cultura Guarani em Suas riquezas culturais
A diversidade cultural Guarani é impressionante e se manifesta em aspectos como:
- Língua: Embora a língua Guarani ( que vem do tronco linguístico tupi) seja um elo comum, existem dialetos e variações regionais.
- Tradições: As práticas rituais, crenças espirituais e festividades variam, refletindo as especificidades de cada comunidade.
- Organização Social: As estruturas sociais, lideranças e formas de organização comunitária podem apresentar diferenças.
- Culinária: Os hábitos alimentares e pratos típicos são diversos, influenciados pela disponibilidade de recursos locais e tradições de cada grupo.
- Artesanato: A produção artesanal, com suas técnicas e significados, também varia, exibindo a criatividade e a identidade de cada subgrupo.
- Nhanderu é maior divindade dos Guarani que buscam a terra sem males
- Se dividem em 3 subgrupos : Kaiowá, Nhandeva e Mbyá.
Essa riqueza cultural é um testemunho da resiliência e da capacidade dos Guarani de adaptar e preservar suas tradições ao longo dos séculos, mesmo diante dos desafios impostos pela colonização e pela sociedade contemporânea.
Kaimbé: Memória e Identidade entre o Sertão e a Metrópole
Os Kaimbé, um povo indígena do sertão nordestino, com raízes profundas na Bahia, foram protagonistas na Luta de Canudos ao lado de Antônio Conselheiro, enfrentando perdas significativas de milhares de vidas. Atualmente, sua presença mais marcante no Brasil é na Terra Indígena Massacará, no sertão baiano, município de Euclides da Cunha.
Apesar da forte influência da catequização, exercida tanto pela Igreja Católica quanto por denominações evangélicas, os Kaimbé demonstram notável resiliência ao manterem vivas suas tradições religiosas, sua rica cultura, língua e rituais ancestrais. Entre esses, sobressaem a vibrante dança do toré, o som marcante da zabumba e a tradicional manifestação do boi de araçá.
O povo Kaimbé representa um exemplo significativo das migrações internas que ocorreram no Brasil, especialmente durante o período da migração nordestina e os anos da ditadura militar. Nesse contexto, muitos Kaimbé deixaram suas terras de origem em busca de melhores condições de vida nas grandes cidades. A Região Metropolitana de São Paulo foi um destino principal para grande parte deles, com comunidades Kaimbé se formando em municípios como Guarulhos, Itaquaquecetuba e Suzano. “A população do povo Kaimbé no Brasil é estimada em aproximadamente 1.135 pessoas, segundo dados de 2020 do Siasi/Sesai.”
Xucuru: A resiliência de um povo guerreiro e sua conexão sagrada com a terra.
Localizado na Serra do Ororubá, em Pernambuco, o povo Xukuru é um exemplo vibrante de resistência. Com uma população aproximada de 8.320 pessoas e um território de 27.555 hectares (homologado em 2001), eles trazem consigo uma história marcada por lutas.
Os Xucuru enfrentaram numerosos conflitos com fazendeiros, que resultaram na perda trágica de diversas lideranças. Entre elas, destaca-se o assassinato de Francisco Assis de Araújo, conhecido como Chicão Xucuru. Em 20 de maio de 1998, ele foi brutalmente assassinado a tiros, a mando de fazendeiros. Esse ato covarde, longe de calar o povo, intensificou ainda mais sua luta pela terra.
A vida Xucuru se manifesta em diversas atividades, da agricultura ao artesanato, mas é sua profunda conexão com a natureza sagrada que realmente os define. Essa espiritualidade se expressa em rituais ricos e vibrantes, com forte ligação a caboclos e seres encantados.
Como entoam em seu toré: “Eh eh eh, Orubá tem um reinado, Encantado. Oi, pisa, pisa que quero ver posar. Terreiro dos índios de Ororubá.” Em suas cerimônias, manifestam-se reis encantados como Iorubá, Canaã e Jericó, e são prestadas saudações a Pai Tupã, Mãe Tamain e ao Senhor São João.
Pataxó: O Povo da Dança e da Pesca
Os Pataxó, um povo indígena que habita o sul da Bahia e o norte de Minas Gerais, têm na pesca de peixes e mariscos sua principal atividade.
A dança e o canto são elementos essenciais de sua cultura, utilizados para saudar a natureza e suas divindades. O Awê, em particular, representa o amor e a profunda conexão espiritual com o ambiente natural.
A População Pataxó e a Luta por suas Terras
A população Pataxó é de aproximadamente 13.588 pessoas. Atualmente, eles estão em um processo contínuo de reocupação de diversas aldeias e regiões. Essa reocupação faz parte da persistente luta pela remarcação de suas terras, um desafio que enfrentam até hoje.
Kariri-Xocó: Povo da Fartura e da Força Espiritual
O povo indígena Kariri-Xocó está localizado na região do Baixo São Francisco, no município alagoano de Porto Real do Colégio, fazendo divisa com o estado de Sergipe. Com uma população aproximada de 2.500 pessoas, essa comunidade originalmente ocupava uma área de 699 hectares. Entretanto, a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), em reconhecimento à sua história e reivindicações, “redefiniu a área para 4.419 hectares”, um avanço significativo na garantia territorial.
O povo Kariri-Xocó representa a “união de duas etnias ancestrais, os Kariri e os Xocó”, que se uniram para fortalecer sua identidade e resistência. Suas tradições culturais são ricas e profundamente enraizadas, destacando-se o ritual do Ouricuri, o Toré e a Jurema Sagrada.
O Ouricuri é um elemento central de sua cosmovisão, descrito como “um ritual secreto e intrinsecamente ligado à espiritualidade e à conexão com a terra”. Essa prática reforça os laços do povo com suas origens e com o ambiente que os cerca. Para sua subsistência, os Kariri-Xocó baseiam-se principalmente na agricultura e na pesca, atividades que refletem sua profunda relação com os recursos naturais da região.
Pankararu: Uma Luta Contínua por Vida e Terra
O povo Pankararu, cuja resiliência e cultura são notáveis, reside predominantemente no interior de Pernambuco, distribuído pelos municípios de Petrolândia, Tacaratu e Jatobá. Eles ocupam a Terra Indígena Pankararu e a Terra Indígena Entre Serras, que juntas somam 15.927 hectares. Em Pernambuco, a população Pankararu atinge cerca de 8.000 pessoas, mantendo suas tradições e modo de vida.
Dispersão Geográfica e Desafios
Além de Pernambuco, a comunidade Pankararu se estende para outros estados brasileiros. Uma parcela significativa vive em Minas Gerais, na aldeia Cinta Vermelha, compartilhando território com o povo Pataxó, às margens do Rio Jequitinhonha. Uma parte do grupo migrou para o estado de São Paulo movida por promessas de terra que não se concretizaram. Atualmente, cerca de 1.550 Pankararu estão instalados na favela do Real Parque, no bairro do Morumbi, enfrentando os desafios da vida urbana e a busca contínua por reconhecimento e moradia digna. Essa dispersão destaca a complexidade das migrações indígenas no Brasil e a luta por direitos básicos.
Cultura e Subsistência
A rica cultura Pankararu é marcada por fortes laços com suas tradições ancestrais. A principal manifestação cultural é o ritual do Toré, uma dança sagrada que fortalece a identidade do grupo, promove a união e a conexão com o sagrado. O culto aos Encantados, entidades espirituais que guiam e protegem a comunidade, é outro pilar de sua espiritualidade.
Economicamente, a agricultura de subsistência é a base da vida Pankararu. Eles cultivam principalmente milho, feijão e mandioca, produtos essenciais para sua alimentação e para a manutenção de suas práticas tradicionais.
Guajajara: A Essência dos Rios e a Arte da Caça
O povo Guajajara, também conhecido como Tenetehara, é um dos grupos indígenas mais numerosos do Brasil, com uma população estimada em 13.100 pessoas – embora esse número não seja totalmente confirmado pelos próprios indígenas, já que muitas aldeias são desconsideradas pela Funai.
Localizados no centro do Maranhão, eles habitam as regiões dos rios Pindaré, Grajaú, Mearim e Zutiua, em uma área que abrange a transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado. Seus territórios, que somam aproximadamente 15 mil hectares, estão situados nas proximidades das cidades de Santa Inês, Pindaré Mirim e Alto Alegre.
A subsistência Guajajara é baseada na lavoura, com o cultivo de mandioca, milho, arroz, abóbora, melancia, feijão, fava, gergelim e amendoim. A caça e a pesca também são atividades essenciais para sua alimentação e cultura.
Os laços espirituais dos Guajajara estão profundamente conectados à dança e a rituais sagrados. Um exemplo marcante é o Ritual da Menina Moça, que celebra a passagem da menina para a vida adulta. Este rito é dividido em três fases: a festa da mandiocaba, a caçada e a festa do moqueado.
Falantes da língua Tupi, a cosmologia Guajajara reverencia três seres sagrados: Maíra, os gêmeos Maíra-íra e Mucura-íra, e Zurupari. Zurupari é o criador das pragas, insetos peçonhentos e cobras, sendo uma figura de grande respeito em sua cultura.
Tupinambá: O Espírito Guerreiro e a Força de uma Cultura Ancestral
O povo Tupinambá, com sua rica história e profunda conexão com a natureza, habitou vastas extensões do litoral brasileiro muito antes da chegada dos colonizadores europeus. Atualmente, a comunidade Tupinambá reside em uma importante área de Mata Atlântica, no sul da Bahia, estendendo-se do sul de Ilhéus até a Serra do Padeiro.
Com uma população estimada em aproximadamente 8 mil pessoas, os Tupinambás estão predominantemente localizados em duas terras indígenas reconhecidas: a Tupinambá de Olivença e a Serra do Padeiro. Essas áreas não são apenas locais de moradia, mas territórios que guardam a memória, a cultura e a espiritualidade de um povo resiliente.
História de Resistência e Bravura
Os Tupinambás desempenharam um papel crucial na história do Brasil, especialmente por sua forte participação na Confederação dos Tamoios. Essa poderosa aliança indígena uniu diversas etnias para resistir com grande força e organização às invasões e tentativas de dominação das tropas portuguesas e espanholas. A Confederação dos Tamoios alcançou vitórias significativas, chegando a derrotar as tropas de Domingos Jorge Velho, um feito notável que se seguiu à destruição dos Quilombos dos Palmares, demonstrando a capacidade de articulação e a bravura desses povos.
Subsistência e Tradições Culinárias
A subsistência do povo Tupinambá está intrinsecamente ligada à agricultura, com destaque para o cultivo da mandioca. A partir dela, produzem a essencial farinha de mandioca e o nutritivo beiju, alimentos que são a base de sua dieta e cultura alimentar. Além disso, os Tupinambás produzem a Giroba, uma bebida fermentada à base de mandioca, que possui grande relevância em suas festas e rituais, fortalecendo os laços comunitários e espirituais.
A Profundidade da Espiritualidade e o Resgate Cultural
A espiritualidade Tupinambá é profunda e complexa, manifestando-se em rituais e símbolos sagrados. Os mantos sagrados, confeccionados com penas de aves, são peças de inestimável valor cultural e religioso, representando uma conexão direta com a cosmologia e a visão de mundo desse povo., muitos desses mantos foram levados para museus europeus durante o período colonial, distanciando-os de suas comunidades de origem.
No entanto, um importante marco de resgate cultural ocorreu recentemente: um desses mantos sagrados, que esteve em posse de um museu na Dinamarca por trezentos anos, foi finalmente recuperado e devolvido ao seu povo. Esse evento simboliza não apenas a recuperação de um artefato, mas o fortalecimento da identidade e do empoderamento Tupinambá, reforçando a luta pela repatriação de outros bens culturais.
O ritual da antropofagia, embora historicamente mal interpretado e frequentemente banalizado pelo mundo ocidental, possuía um significado profundo para os Tupinambás e outras etnias indígenas. Longe de ser um ato meramente bárbaro, era um ritual com extensa conexão espiritual,” ligado à absorção das qualidades do inimigo e à manutenção da vitalidade do grupo. Antropólogos têm se dedicado a desvendar a complexidade dessa prática, buscando oferecer uma compreensão mais acurada e respeitosa dessa cultura ancestral sagrada.”
Truká: Uma Jornada de Luto e Libertação
Os Truká, habitantes seculares da Ilha de Assunção, no rio São Francisco, têm uma história marcada por perdas e resistência. Desde o século XVIII, suas terras foram apropriadas por poderes municipais e pela Igreja, causando imensos danos à sua cultura e sobrevivência. Até hoje, eles lutam incansavelmente pelo resgate de suas terras e pela preservação de sua cultura, apesar da presença contínua de posseiros em seu território.
A situação dos Truká é ainda mais complexa pela localização de suas terras, que se encontram na região conhecida como Polígono da Maconha”. Isso gera um conflito constante com traficantes, pois suas terras são frequentemente invadidas para o cultivo da planta.
Para manter viva sua espiritualidade ancestral e suas tradições, os Truká, assim como muitos povos indígenas do Nordeste brasileiro, praticam a consagração da Jurema Sagrada e o Toré. Eles também desenvolvem o culto aos encantados, entidades sagradas profundamente ligadas à espiritualidade da Mãe Terra. Suas festas rituais são celebrações vibrantes, com muito Toré, Jurema, dança e canto, que duram até o amanhecer.
Sua população é de aproximadamente 3. 5 mil habitantes. Em sua maioria na região de Cabrobó, Pernambuco, a partir de 2002 sua terra foi delimitada em 5709 hectares. Aguardando o processo de demarcação.
Xavante : A força de um povo guerreiro
Os Xavantes, autodenominados A’uwê Uptabi (“povo verdadeiro”), são um povo indígena do tronco linguístico Macro Jê, que atualmente reside em Terras Indígenas no estado de Mato Grosso. Com uma população aproximada de 22.556 pessoas, eles são conhecidos por suas fortes tradições guerreiras e pela impressionante bravura com que resistiram aos colonizadores ao longo da história. Enfrentaram e sobreviveram a inúmeras ameaças de bandeirantes, garimpeiros e missionários. Há uma forte ligação histórica e cultural com o povo Xerente.
Resiliência e Adaptação
Em meados de 1940, após décadas de conflitos, os Xavantes optaram por uma estratégia de interação pacífica com os agentes de “pacificação”, evitando novas batalhas. No entanto, essa aproximação resultou na afetação de muitas de suas crenças e práticas tradicionais. Apesar das adversidades, o povo Xavante se mantém forte, engajado na luta pela preservação e resgate cultural.
Rituais e Tradições Vivas
A cultura Xavante é rica em rituais que mantêm suas tradições vivas:
- Donhõno: Um ritual de iniciação que marca a passagem para a vida adulta dos jovens, iniciando sua jornada espiritual. Os jovens participam de lutas guerreiras tradicionais, acompanhadas de pinturas corporais e danças.
- Darini: Um dos rituais mais importantes, o Darini ocorre diariamente durante um mês. Nele, as crianças são imersas na complexidade de sua cultura através de músicas e danças, fortalecendo seus laços tradicionais e o senso de comunidade.
Economia e Conflitos Atuais
A economia Xavante é baseada em atividades tradicionais como a caça, coleta, agricultura e pesca. Uma prática notável é o Trekking, onde grupos familiares se afastam das aldeias para realizar caçadas e coletas de forma duradoura.
Embora muitas terras Xavantes tenham sido demarcadas, o povo ainda enfrenta conflitos contínuos em algumas áreas, evidenciando a persistente luta pela proteção de seus territórios e modo de vida.
Wassu Cocal: Reconectando com a Cultura Ancestral
O povo Wassu Cocal, localizado na zona rural de Joaquim Gomes, Alagoas, a cerca de 84 quilômetros de Maceió, tem uma rica história de resiliência cultural. O nome “Wassu” deriva de “Assu”, que em tupi significa “grande”, uma homenagem à serra que atravessa suas terras. Em 2010, sua população era de 1.806 pessoas, habitando uma área de 2.744 hectares, homologada em 2007.
Suas terras tem grande proximidade com cidades e é cortada pela Br 101, o que levou a inevitáveis interferências externas, e com isso a cultura tradicional Wassu Cocal sofreu muitos danos. O contato com a sociedade não indígena trouxe problemas profundos, especialmente para a juventude, com a disseminação de drogas e bebidas alcoólicas, afastando muitos das práticas culturais. No entanto, houve também uma conexão benéfica: a capoeira, que hoje é praticada e assimilada pelo povo.
Com uma forte tradição oral, os Wassu Cocal mantêm suas crenças vivas através de mitos e lendas, um patrimônio fundamental que se transmite ao longo das gerações. As lideranças incentivaram uma grande retomada cultural no início da década de 1980, firmemente abraçada por toda a comunidade.
Atualmente, o povo Wassu Cocal se empenha ativamente no resgate e manutenção de sua cultura e tradição. Suas aldeias contam com escolas e professores indígenas, e muitos de seus membros atuam em redes sociais, mostrando a capacidade de adaptação e engajamento com novas ferramentas. As atividades culturais são vibrantes, incluindo festas, danças, artesanato e pinturas corporais.
Historicamente, suas terras sofreram desmatamento por fazendeiros, mas hoje a comunidade se sustenta principalmente da agricultura, do artesanato e dos trabalhos com redes sociais. No entanto, alguns membros, devido a essas intervenções, ainda precisam trabalhar como cortadores de cana ou em fazendas locais. Mesmo com esses desafios, os Wassu Cocal permanecem firmes na preservação de sua identidade.
O Povo Terena: Uma História de Resistência e Cultura
Os Terena são um povo indígena com uma rica história de migração e resiliência. No século XIX, eles chegaram ao Brasil, especificamente na região do Mato Grosso, fugindo dos conflitos da Guerra do Paraguai e da Tríplice Aliança. Após uma longa travessia, cruzando o Rio Paraguai, estabeleceram-se nessa área.
Presença e Desafios Atuais
Atualmente, os Terena constituem um dos maiores grupos indígenas do Brasil, com uma população de aproximadamente 37 mil pessoas. A maioria vive no Mato Grosso do Sul, com uma parcela também residindo no estado de São Paulo.
A presença Terena em centros urbanos é notável, com muitos trabalhando em atividades agrícolas ou comercializando artesanato nas ruas. Essa interação, no entanto, gerou um estereótipo negativo de “índios urbanos e aculturados”. Apesar disso, os Terena continuam a lutar incansavelmente pela preservação de suas terras e costumes ancestrais.
Tradições e Costumes
Os Terena possuem uma forte tradição agrícola, cultivando até hoje mandioca, milho, feijão-verde, batata-doce e amendoim, que garantem sua subsistência e a manutenção de suas culturas tradicionais.
A espiritualidade também é um pilar fundamental em sua cultura, com curandeiros e xamãs sendo figuras de grande respeito nas aldeias. Práticas ancestrais como a caça com arco e flecha e a cerâmica também são mantidas vivas.
Um dos rituais mais marcantes é a iniciação das tucandeiras. Nela, jovens participam de danças e cantos enquanto absorvem picadas de formigas tucandeiras. Além de ser considerado um antibiótico natural, esse ritual simboliza uma prova de coragem e valentia, fortalecendo os laços culturais e espirituais da comunidade.
Povo Pankararé: Cultura e Resistência na Bahia
Os Pankararé são um povo indígena que vive no estado da Bahia, perto da cidade de Paulo Afonso. Com uma população de mais de 1.600 pessoas, eles mantêm fortes laços culturais com os Pankararu.
Sua cultura é profundamente enraizada em rituais como a Jurema Sagrada e a dança do Toré. A economia Pankararé é baseada na agricultura, complementada pela caça e coleta para a subsistência.
Ao longo do tempo, os Pankararé têm lutado incansavelmente para resgatar suas tradições, muitas das quais foram parcialmente perdidas devido ao processo de colonização, à catequização (especialmente pelas missões jesuítas) e à escravidão agrícola. Essa busca reflete a resiliência e a força de um povo que preserva sua identidade e história
.“Após um longo período de afastamento das suas práticas tradicionais, por força de violências e proibições, os Pankararé retomaram ativamente tais manifestações, valendo-se para isso de sua aproximação com os Pankararu. Realizam com grande regularidade o ‘Toré’ e o ‘Praiá’, rituais que se distinguem por contar o primeiro com a participação de homens e mulheres, enquanto que ao segundo, de caráter mais restrito, tem acesso apenas os homens, que utilizam obrigatoriamente as roupas rituais. São realizados em terreiros específicos, o do ‘Nascente’ e o do ‘Poente’, acompanhados do consumo de uma bebida feita da entrecasca da jurema, reservada especialmente para essas ocasiões. O pajé é a figura central, dirigindo todas as fases do ritual.” (MJ, Verbete)
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