Um espaço dedicado à luta pela terra e pelo meio ambiente, em apoio às causas indígena, quilombola, camponesa e popular. Aqui, você encontrará informações diretas sobre lutas e conquistas, além de um espaço para a cultura, o folclore, as tradições, as medicinas e as sabedorias ancestrais desses povos. Este é um ponto de encontro para tod@s que almejam um mundo de liberdade, solidariedade, pluralidade e respeito pelo próximo e por todo o ecossistema. Aprendendo com o passado, atuamos no presente para construir um futuro melhor para todos os seres vivos!

LUCY PARSONS: MAIS PERIGOSA QUE MIL REBELDES!!

LUCY PARSONS: MAIS PERIGOSA QUE MIL REBELDES!!

Lucy Eldine González Parsons ou Lucia Carter nasceu no Texas, em 1851, e morreu em Chicago, no dia 7 de março de 1942. Mundialmente conhecida como Lucy Parsons, Lucy tinha ascendência indígena e mexicana. Por muito tempo, sua origem étnica foi “empurrada” a todos como de origem afro, como se todos de pele escura fossem afrodescendentes. A própria Lucy se assumiu ser descendente de nativos americanos e de mexicanos.
Lucy Parsons foi uma das militantes anarquistas mais ativas na luta pelos direitos dos negros, na luta antirracista, pelo direito das mulheres. Trabalhou como costureira e como operária. Foi casada com Albert Parsons, um anarquista branco bastante ativo na luta a favor dos direitos dos trabalhadores.
O casamento interracial entre Lucy e Albert era considerado uma aberração. Leis dos EUA proibiam casamentos entre etnias diferentes. Além disso, grande parte da população branca americana não suportava o fato de haver uniões afetivas entre cores diferentes. O casal foi ameaçado inúmeras vezes. Albert Parsons chegou

a ser atingido por um tiro como uma forma de “castigo” por estar casado com uma “negra”.
O casal se mudou do Texas para Chicago. Lucy e Albert Parsons fundaram em 1883 a Associação Internacional de Trabalhadores (IWPA). Seu companheiro foi executado através de enforcamento em 1887, pelo governo dos EUA, por causa da Revolta de Haymarket, em Chicago, no ano anterior.
Lucy Parsons continuou a sua militância anarquista aliada a luta pelos direitos humanos de negros, mulheres, operários e desabrigados. Publicou vários artigos em jornais socialistas e anarquistas dos EUA. Fundou vários periódicos.
Militante dos direitos dos nativos americanos, imigrantes, e afro-americanos, a anarquista foi em defesa de um grupo de jovens negros acusados injustamente de assédio e crime de estupro por duas jovens brancas.
Por conta de sua incansável militância, Lucy Parsons acabou sendo considerada uma mulher “mais perigosa do que mil rebeldes!” pela Polícia de Chicago. Lucy Parsons morreu aos 89 anos, em decorrência de queimaduras sofridas por causa de um incêndio acidental em sua casa.
Fonte: DIAS, Mabel. Mulheres Anarquistas: o Resgate de uma História pouco contada. Coletivo Insubmissas. João Pessoa-PB.2003.

Textos: Júnior Guarini
Diagramação: Benx Tapuia
Coletivo Estudos Decoloniais Afro-Indígenas – (C.E.D.A.I.)
Informativo N:02
Campina Grande -PB
Data: 30/11/2024

O QUE SIGNIFICA LIBERDADE?
Por Lucy Parsons
A mudança do atual método de se ganhar a vida é inevitável porque se tornou uma necessidade. Nós agora vivemos sob o sistema de pagamento no qual se você não pode pagar, você não pode ter. Tudo tem seu preço colocado; terra, ar, luz e água, tudo tem seu preço. E aquele que não tiver trabalhado, deixe-o morrer de fome.
Amor, honra, fama, ambição, todas as mais nobres e sagradas aspirações e sentimentos da humanidade são compradas e vendidas. Tudo está no mercado à venda; tudo é mercadoria e comércio. A terra, a necessidade primária da existência é tida por um preço, e os milhões de sem-teto perecem porque não podem pagar por ela. Comida, vestimentas e abrigo existem em superabundância, mas são negados pelo preço.

As forças produtivas e distributivas da natureza, unidas ao poder e ingenuidade do homem estão reservadas por um preço. E a humanidade perece de doenças, crime e ignorância por causa de sua pobreza forçada e artificial. As qualidades mentais, morais, intelectuais e físicas são diminuídas, atrofiadas e esmagadas para manter o preço. Isso é escravidão, a escravização do homem por seus próprios poderes: isso pode continuar?
A mudança é inevitável porque é necessária. O acesso livre a todas as forças produtivas e distributivas vai por si só libertar as mentes e corpos dos homens. Existem certas coisas que não têm preço. Dentre estas estão a vida, a liberdade e a felicidade, e essas são as coisas que a sociedade do futuro, a sociedade livre, garantirá a todas (os) em troca de poucas horas de trabalho por dia.
Quando o trabalho não estiver mais à venda a sociedade produzirá homens e mulheres livres, que pensarão livremente, agirão livremente e serão livres. O crime e os criminosos fugirão de tal sociedade, porque o incentivo para o crime terá acabado.
Lucy Parsons, Chicago, 08 de outubro de 1905.
The Liberator

 

Foto de Editor

Editor

Alex Goulart Baseia - Jornalista