Luis Gama: A incansável luta pela Liberdade.
Luis Gama, figura central na luta contra a escravidão no Brasil, nasceu em Salvador, Bahia, em 21 de julho de 1830. Sua mãe, Luísa Mahin, era uma mulher negra livre e ativista, conhecida por sua participação na Revolta dos Malês. Seu pai, um rico e influente branco, o vendeu ilegalmente como escravo aos 10 anos de idade,para pagar dívidas de jogo.
Essa traição marcou o início da jornada de Gama, que, mesmo escravizado, aprendeu a ler e a escrever. Ele conquistou sua liberdade e se tornou um dos maiores advogados e jornalistas de seu tempo, usando o poder das palavras para libertar centenas de pessoas escravizadas. Seu trabalho incansável o tornou um dos nomes mais importantes do movimento abolicionista.
Após reconquistar sua liberdade, Luís Gama se alistou na Força Pública de São Paulo em 1848, servindo até 1854. Durante esse período, ele trabalhou como copista em um gabinete de delegacia, demonstrando sua habilidade com a escrita. Sua carreira na corporação foi encerrada após um ato de insubordinação, que resultou em sua prisão e expulsão.
Em 1856, ele se tornou funcionário público na Secretaria de Polícia, onde sua capacidade com a escrita e seu bom relacionamento o transformaram em uma figura influente. Foi nessa época que começou a produzir seus próprios textos, publicando seu único livro, “Primeiras trovas burlescas de Getulino”, em 1859.
A partir de 1860, Gama se tornou um dos jornalistas mais importantes de São Paulo, colaborando com jornais como Diabo Coxo, Cabrião e Radical Paulistano. Ele utilizou sua posição para defender suas convicções como abolicionista radical e defensor da república. Atribui a introdução do jornal satírico na cidade, e ele frequentemente assinava seus artigos com pseudônimos. O envolvimento de Gama na formação do Partido Republicano Paulista também destaca seu ativismo político.
Reconhecimento Oficial
A importância de Luís Gama foi formalmente reconhecida por meio de leis e honrarias. Em 2018, ele foi declarado Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil por lei federal (Lei nº 13.629), oficializando sua posição como uma das figuras mais importantes da história do país. Na mesma data, seu nome foi inscrito no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves.
Título de Doutor Honoris Causa da USP
Em 2021, a Universidade de São Paulo (USP) concedeu a Luís Gama o título de Doutor Honoris Causa póstumo. Essa homenagem é concedida a personalidades que tenham contribuído de forma notável para o progresso das ciências, letras ou artes. A decisão foi unânime e representa um marco histórico, especialmente porque, em vida, ele foi impedido de frequentar a Faculdade de Direito do Largo São Francisco (parte da USP) por ser negro.
Essa honraria não apenas celebra seu legado como abolicionista, advogado e jornalista, mas também corrige uma injustiça histórica, reconhecendo sua excelência intelectual e sua luta contra o racismo e a desigualdade.
Outros Reconhecimentos
- Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): Em 2015, mais de um século após sua morte, a OAB concedeu a Luís Gama o título de advogado, reconhecendo sua atuação jurídica de forma oficial.
- Prêmio Luís Gama: Em 2023, o governo federal instituiu o “Prêmio Luiz Gama de Direitos Humanos” para homenagear pessoas e organizações que se destacam na promoção e defesa dos direitos humanos.
