A Indústria da Guerra: Lucro e Conflito em Debate
A discussão sobre a indústria da guerra e o comércio de armas é complexa e multifacetada, levantando questões morais, éticas, econômicas e sociais profundas. Como bem aponta a letra da banda “Uns e Outros”: “Generais de todas as nações, fardas bonitas condecorações, documentam na nossa história seu rastro sujo de sangue e glória!”. A frase de Bob Marley, “Se todos derem as mãos quem sacará as armas?”, ecoa o desejo de paz e questiona a necessidade do armamento.
O Debate Nacional sobre Armas de Fogo no Brasil
Atualmente, o Brasil vivencia um intenso debate nacional acerca da liberação do uso e porte de armas de fogo. Essa pauta foi fervorosamente defendida pelo ex-presidente da República e seus seguidores, encontrando apoio em diversos setores. De um lado, estão os representantes da indústria armamentista e comerciantes de armas, partidos de extrema direita, e grupos que, apesar de se autodenominarem “pessoas de bem”, defendem a posse de armas. É notável a inclusão de fanáticos religiosos neste grupo, mesmo que a base do pensamento cristão pregue a “compaixão e o amor” e seja “completamente contra a violência”. Organizações fascistas também se alinham a essa campanha.
Do outro lado, contrários à liberação, posicionam-se organizações humanitárias e de direitos humanos, pacifistas, religiosos moderados, organizações libertárias e partidos de esquerda. Esse grupo questiona veementemente a indústria das armas e as guerras, defendendo abordagens que priorizam a vida e a segurança pública sem a proliferação de armamentos.
A Economia da Guerra: Números e Interesses Ocultos
Os números da indústria bélica são impressionantes. O Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) revela que “cerca de 1,756 trilhões de dólares são gastos na indústria militar todos os anos”. O comércio global de armas é controlado por um pequeno grupo de países: Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha e China. O mais chocante é que, por incrível que pareça, esses são os mesmos países “mais envolvidos em guerras, invasões e conflitos armados do planeta”.
Essa coincidência levanta um questionamento fundamental: “A quem interessa as guerras? A quem interessa a venda de armas?”. A imensa maioria dos conflitos armados no mundo tem interesses econômicos por trás. Sem guerras e conflitos, as vendas e o comércio de armas cairiam, impactando negativamente a economia da indústria armamentista e dos países que mais lucram com ela. Seria a paz mundial e o amor entre os povos um empecilho para os “gananciosos ricaços da indústria e do comércio de armas de fogo”?
A situação no Oriente Médio é um exemplo contundente. Sendo o “maior destino das armas”, essa região é, “coincidentemente, também a região com maior número de conflitos armados no mundo”. Conforme noticiado pela BBC News, “por décadas, os Estados Unidos têm sido o principal exportador de armas do mundo. É impressionante como a diferença em relação aos outros países tem ficado cada vez mais notável”.
Armas, Violência e as Verdadeiras Soluções
A retórica de que armas de fogo são a solução para a violência, tanto em guerras quanto na violência urbana, é constantemente confrontada por dados e estatísticas. No Brasil, o número de pessoas assassinadas por armas de fogo em 2017 foi de 47.510, um crescimento de “6,8% em relação ao ano anterior”, segundo o Atlas da Violência 2019, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Esses dados sugerem que “quanto mais armas, mais mortes e mais conflitos”.
Afinal, a solução para a violência seria a venda de mais armas de fogo ou um investimento robusto em educação de qualidade, saúde pública e oportunidades iguais para todos? É alarmante e, por vezes, paradoxal, ver “frequentadores de igrejas fazerem sinais de armas de fogo” e “ditos cristãos defenderem armas de fogo como solução para a violência”. Por trás disso, é legítimo questionar se existe um “grande interesse econômico de organizações e políticos ligados ao comércio de armas”.
O Contraste entre Gastos Militares e Necessidades Humanas
Em 2015, os gastos militares mundiais aumentaram “1%”, o primeiro aumento anual em quatro anos. Paralelamente, um centro de análise de Estocolmo estimou que “10% desses gastos poderiam cobrir os custos dos objetivos globais que visam terminar com a pobreza e a fome em 15 anos”. Essa comparação ressalta a desproporção entre os investimentos em guerra e as necessidades básicas da humanidade.
No cenário político brasileiro, o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, “revogou as normas do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro que facilitavam o acesso a armas e munição”, restringindo novamente o porte de armas.
A célebre frase atribuída a Albert Einstein, quando perguntado sobre as armas da Terceira Guerra Mundial, que “não sei, mas a quarta será lutada com pedras”, serve como um alerta sombrio sobre as consequências da escalada bélica.
