ELIANE LIMA DOS SANTOS, ELIANE POTIGUARA
escritora, professora e ativista potiguara nascida no RJ em 1950. Publicou mais de 10 obras literárias, ensaios e artigos acadêmicos.
Sua família potiguara migrou da PB para o RJ nos anos de 1920 tentando escapar das perseguições e violência dos latifundiários da região de Rio Tinto, Marcação e Santa Rita. Ela se formou em Letras pela UFRJ. Casou-se com o cantor e compositor Taiguara de origem afro e indígena brasileira e uruguaia.
Ela é considerada a primeira escritora indígena do Brasil. Eliane escreveu cartilhas pedagógicas voltadas para a educação indígena. Fundou a rede GRUMIN, unindo mulheres ativistas indígenas do Brasil.
Nos anos de 1990, Eliane Potiguara participou de diversas conferências mundiais em vários lugares do mundo. No Brasil, Eliane participou de debates e encontros, inclusive encontros anarquistas.
Por causa do seu combate e defesa dos povos originários do país, Eliane Potiguara teve o seu nome citado numa lista de pessoas “marcadas para morrer” nos anos de 1990. Atualmente, a escritora continua firme e forte na luta pelos direitos dos povos indígenas!
OBRAS
1989: A Terra É Mãe do Índio
1994: Akajutibiro: Terra do Índio Potiguara
2004: Metade Cara, Metade Máscara
2005: Sol do Pensamento
2023: O Vento Espalha Minha Voz Originária
2024: Questão Indígena Brasileiro
2004: O Coco que Guardava a Noite
2014: O Pássaro Encantado
2015: A Cura da Terra
2024: Conhori e as Icamiabas – Guerreiras da Amazônia
Civilização ou futuro ancestral ?
O projeto de Civilização ainda é um projeto eurocêntrico, predatório e insustentável, mas que ainda é bastante defendido tanto pela direita e como pela esquerda.
A Direita o defende como um modelo de superioridade eurocêntrica, racial e civilizatória. Para a Direita, o conceito de civilização diferenciaria o europeu/norte americanos dos atrasados e bárbaros. O modelo de civilização defendido pela direita e extrema direita gira em torno da submissão dos povos do mundo e da exploração dos recursos da Natureza.
Já a esquerda e a extrema esquerda também defendem um modelo de civilização, mas desta vez, uma civilização humana, que divide a riqueza para todos, visando tornar a sociedade consumidora e predatória por igual. Um modelo de continua e danosa exploração dos “recursos” naturais.
Acontece que os dois modelos dividem o mundo em “Civilizados” e “não-civilizados”. E poucos questionam ou querem questionar que a ideia de civilização é sinônimo de eliminação de culturas, de famílias e sociedades diferentes.
O projeto de civilização é nocivo ao organismo vivo em que vivemos, a Terra. Os dois modelos “brigam” pela “riqueza”
obtida pelo avanço da civilização. Ou a riqueza deveria ser dividida igualmente entre o proletariado ou/e todas as pessoas, ou ela, a riqueza, deveria ser mantida entre aqueles que “mereceram” e “batalharam” por estes “benefícios”.
Acontece que o conceito de “civilização” não engana mais tanta gente assim. Há muito, o conhecimento e a filosofia dos povos indígenas vêm alertando e avisando sobre as consequências do consumo e exploração desenfreados da Terra.
Mas, só agora, séculos e séculos depois, quando o mundo civilizado se vê a beira de um precipício, após renegar os avisos da sua própria ciência, só agora parte dos “civilizados’ acordaram para a urgência de preservação.
De uns tempos para cá, os “povos civilizados” vêm insistindo em um processo civilizatório mais “consciente” e “sustentável”, baseado mais em seus próprios remorsos e não no apelo e na experiência dos povos orgânicos do planeta.
Basta ouvir as memórias e falas dos povos que sofreram com as ações predatórias da Civilização. Sem ouvir a experiência dita “primitiva”, a civilização segue rumo ao apocalipse real, causado por ela própria.
Ailton Krenak
Ambos retirados de :
Zine “ANTICOLONIAL E LIBERTÁRIO”
CAMPINA GRANDE- PARAIBA – NORDESTE- MUNDO
AGOSTO 2025
N.03
