UBUNTU: UMA ÉTICA XHOSA
É um conceito filosófico criado pelo povo Xhosa, da África do Sul. Este conceito foi fundamental para a organização da luta contra o Apartheid. Resumindo: a união e as ações contra este regime racista foram possíveis a partir da exploração de um conceito filosófico e prático do próprio povo Xhosa.
A filosofia Ubuntu significa, de maneira geral, o ato de acreditar no bem que há nas pessoas, sejam elas de qualquer credo, cor ou nação. E esse bem é essencial para o bem estar, a solidariedade e a vivência em comunidade.
O conceito Ubuntu não defende diferenças raciais, pois acredita que todos as pessoas são dotadas de humanidade, e capazes de exercê-la para o bem de todos. A propagação do UBUNTU evitaria qualquer forma de agressão bélica, preconceituosa e segregacionista.
Inevitavelmente, o Ubuntu se chocou contra o Apartheid, regime baseado na inferiorização racial e desumanização dos negros sul-africanos.
Os maiores defensores e divulgadores da filosofia Ubuntu foram Nelson Mandela e Desmond Tutu. Os dois líderes sul-africanos exploraram ao máximo o conceito nas suas campanhas pelo fim do Apartheid e pela união dos povos no país.
Mandela dizia que um dos aspectos do Ubuntu é o acolhimento. Os outros aspectos: partilha, ajuda, solidariedade, respeito, confiança, responsabilidade. Para Mandela, o Ubuntu era uma conduta ética limitante. Não proibia o progresso mental ou material de qualquer pessoa. A questão central do Ubuntu era, é e sempre será essa: de que forma seu progresso vai atingir a sua comunidade?
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Os princípios básicos do Ubuntu são:
I
– Perspectiva mais ampla: ouvir a todos. Ouvir todas as perspectivas sobre um determinado assunto para poder chegar a um nível de compreensão mais inclusivo. Percebe ouvir as dores e alegrias de todos os envolvidos em uma determinada contenda. Se colocar no lugar da pessoa. Pensar como seria a sua reação se o problema fosse com você.
II
– Todo o ser humano é dotado de humanidade: acreditar e enxergar o bem em todas que existe dentro de todas as pessoas. Ver o bem nas pessoas ainda que este “bem” esteja escondido por determinadas atitudes/condutas precipitadas.
III
– Escutar e Ouvir: a escuta seletiva-passiva é uma forma ineficaz de compreender alguém. Ouvir é mais profundo e completo que escutar. Ouvir é compreender a conduta/situação do outro. Não se trata de ouvir o que convém.
NKONSONKONSON:
União e boas relações humanas.
Texto : Jr. Karllos. Editor do Zine contracolonial libertário Pluma Negra.
